Lílian
e as lembranças
(Por Célia, sua mãe)
São tantas coisas para se falar dessa mulher guerreira, que não
sei por onde começar. Talvez do começo mesmo, da alegria de quando ela
estava sendo gerada no meu ventre e como me chutava, não parava.
Era como se dissesse: “Quero sair logo, tenho muito a fazer aí fora!”.
Ela nasceu de parto normal e eu não tinha essa consciência da importância
de amamentar. Então, mais do que depressa, tentei dar mamadeira, pois
sentia muita dor, inclusive dos pontos que havia levado. Vocês não calculam
a bronca que ela me dava depois de moça, porque ela foi uma mãe que
amamentou os dois filhos o tempo necessário, não ligando para dor, deformação
ou seja lá o que for (e eu ficava bem quietinha quando ela me corrigia).
Tenho várias lembranças da infância dela. Infelizmente, ela não teve
uma como a maioria das crianças, com os pais acompanhando nas reuniões
escolares, pois eu e o pai trabalhávamos e minha mãe ficava com ela
nesse período. Logo, seu pai começou a ficar doente, daí eu trabalhava
e só tinha atenção para cuidar dele. Mesmo assim, tenho fotos de viagens
que fizemos juntos.
Você
conhece alguma criança de 9 anos que pega um carrinho de feira, uma
quantia em dinheiro e consegue fazer as compras, sabendo negociar e
trazer os trocos certos? Pois essa era ela, enquanto nos finais de semana
eu ficava cuidando da casa e do pai dela, ela ia na rua de cima de casa
fazer a feira para mim. Hoje eu imagino: ela só tinha 9 anos, era uma
criança, mas era muito madura para a idade. Ela estava crescendo e a
gente nem vendo direito. A partir daí, ela tinha que me ajudar às vezes
quando tinha que cuidar das escaras que a doença fizera no pai dela.
Imagina o drama para ela, pois quando o pai se foi, tinha apenas 13
anos.
Eu não lembro de ter um dia pego os cadernos dela para ver a lição de
casa (dá até uma dor no coração), mas ela nunca foi mal na escola. Estudou
para Comissária de Bordo e passou, só não entrou porque, naquela época,
a companhia área tinha colocado o limite de 1m60 de altura. E olha que
esse limite já era baixo e ela tinha uns dois centímetros a menos. Ela
sempre brincava que eu poderia tê-la feito um pouco maior. Depois, fez
Magistério no Instituto Coração de Jesus, em Santo André (formando-se
em 1992). Para variar, pela personalidade, jeito e carisma, ela fez
parte da comissão de formatura. Em seguida, cursou Direito na Universidade
do Grande ABC (1999) e foi convidada a ser a oradora da turma. Mas ela
escolheu trabalhar com seu tio, o Pr. Carlos Alberto Moyses, no seu
escritório do Voz da Verdade, onde era seu braço direito.
Quanto ao dom de cantar, a gente percebeu desde pequena (sem exagero
de mãe). Ela não tinha nem 2 anos quando ficou de pé no bercinho e cantou
o corinho que escutava na igreja, no jeito de falar de uma criança tão
nova (tipo: “O te De onde ta...”). Ela cantou o coro inteiro e nós ficamos
parados, sem quase respirar, para ver se ia até o fim. A letra era a
seguinte: “O TEU DEUS ONDE ESTÁ, PORQUE ESTÁS ABATIDA OH MINHA ALMA,
PORQUE TU TE PERTURBAS DENTRO EM MIM, ESPERA EM DEUS QUE AINDA O LOUVAREI,
POIS ELE É O MEU AUXÍLIO E DEUS MEU”. Nascia ali a adoradora do Rei.
Se eu pudesse resumir minha filha, eu diria: VENCEDORA. Ela teve na
vida a irmã que tanto desejou, um marido para amar (o qual ela achava
seu Rambo), dois lindos filhos, Andrey e Dhara, a avó, como
uma segunda mãe, um padrastro que a amou como filha. Ganhou, ainda,
mais 4 irmãos, por parte do padrastro, e teve o privilégio de ver, conviver
e amar 9 sobrinhos.
Que dizer dos tios, tias, primos, pastores, irmãos da igreja Voz da
Verdade, irmãos de outros ministérios, os fãs que tanto a amavam? É
ou não uma mulher VITORIOSA?
Um dado engraçado da personalidade dela (que afinal eu amo) é que, eu
sempre fui uma menina retraída, tímida, então na escola se alguém tivesse
que apanhar era eu, se tivesse que ser humilhada era eu, mas a Lilian
herdou do pai dela (graças a Deus) o lado briguento, no bom sentido,
exigente no que é correto. Teve um dia que ela chegou em casa com o
avental escolar rasgado e eu perguntei “o que aconteceu filha?” e ela
disse: “O menino quis me bater e eu bati um monte nele”. Não sei se
é certo, mas eu nem a repreendi e fiquei super feliz por dentro, sabendo
que minha filha sabia se defender.
Choro pensando como poderia ter sido uma mãe melhor, mas aí vou nos
meus pertences e acho coisas lindas que ela escreveu para mim, como
ela me enxergava.
Vou compartilhar só um pedacinho de um cartinha que diz assim:
”Você é o mel doce que sai da minha boca
Você é o sol quente que me faz sorrir
Você é o amor da minha vida
Você é mais bonita que o diamante
prateado”
Realmente esse mel doce que sai da boca dela, ainda vai salvar muitas
almas para Jesus.
Célia Regina
Moises Gaspar
Obs:
A matéria completa você poderá ler na Revista Anna.
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